09 outubro 2007

A vida como ela é

Primeiro, foi a esposa que cismou que queria uma esteira. O marido lastimou a infeliz hora em que perguntou o que ela gostaria de ganhar de aniversário. A resposta foi incisiva: _Quero uma esteira! Já que eu não tenho tempo de ir à academia, quero me exercitar aqui em casa mesmo.

Logo veio o veto do marido: _Peça qualquer coisa, menos uma esteira. Seja razoável, não há lugar aqui em casa para colocar esta coisa horrorosa. E além do mais, eu nunca conheci uma casa onde a esteira não tenha se transformado em cabideiro. E o discurso continuou por mais algumas horas. Nesta noite, a esposa, indignada, dormiu a uma boa distância do marido, murmurando impropérios e se perguntando: _ Por que esta criatura perguntou o que eu quero ganhar, se não tinha a intenção de me dar o que eu queria?

Uma semana depois, foi a vez do marido cismar com a cachorrinha. Chamou, todo feliz, a esposa, para que ela visse na tela da internet a raça que havia escolhido para presentear o filho. Aí já era demais! Na casa de 200m² não havia espaço para uma inofensiva esteira, mas para uma cachorra endiabrada e destruidora, NÃO HAVIA PROBLEMAS! E ainda por cima a bichinha tinha cara de morcego. Quando fez a primeira objeção, o marido interveio caloroso em defesa da cachorra. _Ora, essa cara de morcego é sinônimo de pureza da raça! Aliás, quanto mais parecida com morcego, mais caro é o filhote.

A esposa, que já não estava lá essas coisas com o marido, resolveu lembrá-lo da primeira vez em que ele tinha tido a idéia de ter um cachorro. Fazia apenas três anos, mas parecia que ele já havia se esquecido. Esquecera-se de que ele nunca queria sair com o animalzinho pra passear e que ele nunca havia limpado o cocô que o animal deixava pelo quintal. Também se esquecera de que quando solto, aquele filhotinho fofinho havia destruído todo o jardim. E a esposa, já vislumbrando o mesmo “filme” e sabendo da teimosia do marido, resolveu tirar proveito: _Está bem, mas só aceito esta cachorra se eu puder instalar minha esteira, e no quarto! E o marido: _No dia em que eu ver uma roupa pendurada na esteira, tchau, tchau! E a esposa: _ O dia em que você deixar de limpar o cocô desta cachorrinha, eu a darei para a primeira pessoa que aparecer.

E assim é que chegaram a casa suas duas novas moradoras: Ivete (a esteira) e Fiona (a cachorra com cara de morcego). Foram duas idílicas semanas, em que esposa se imaginou transformada na própria Ivete (Sangalo), e que o marido dedicou todo seu tempo livre para passear e cuidar da Fiona (que realmente era quase um ogro).

Mas passado o entusiasmo inicial, a esteira começou a ficar cada dia mais pesada. E a cachorrinha, coitada, já não ganhava tanta festa à noite, quando o marido chegava do trabalho.

Um mês, e a esteira tinha se transformado num belo depósito de bolsas. E Fiona, pobrezinha, tinha deixado de passear e andava meio tristinha. Desta vez, não houve nenhuma discussão naquela casa. Foi de comum acordo que esposa e marido providenciaram a doação da esteira para um asilo e da cachorrinha para uma senhora que adorava cachorros e criava três outros em sua casa. E nunca mais se falou naquele assunto.

12 comentários:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Paula, conheco perfeitamente essa experiência, imagina porquê?
Eu pedi ao esposo uma ergométrica e ela está aqui em casa há anos. Se eu a utilizo 3 vezes ao ano é muito.

Obrigada pela visita.

Boa semana prá você.

Ana Paula Montandon disse...

Georgia,
pois é, esta história está prestes a acontecer aqui em casa. E apesar de saber o que vai acontecer, ainda tô insistindo em comprar uma esteira...
Beijos!

Anônimo disse...

hahahaha....muito bom!
Vou add seu blog no meu.
Bjs!

Anônimo disse...

só achei estranho uma mulher casada se dizer 'aventureira na blogosfera'

e esses papos de esteira e talz é coisa de dona de casa mesmo.
lamento minha voraz necessidade de comentar em sua casa. mas é bem limpinha, seu marido deve estar satisfeito, moça!

ass. uma blogueira radical!!

Fernanda disse...

De facto, muitas vezes queremos tanto uma coisa que deixamos de ser racionais, não conseguimos ver a situação tal qual é, ficamos no sonho, no desejo....para mais tarde constatar que foi só uma ilusão.
Boa semana!
Bjss

. fina flor . disse...

Pelo menos eles agiram certo no final das contas.....

Obrigada pela visita, querida! Volte sempre que quiser.

beijos,

MM.

Ana Paula Montandon disse...

Rogério,
Obrigada e volte sempre!

Dai, querida, esqueceu de deixar seu endereço? Estou curiosa pra ver o "radicalismo" do seu blog...
Sinta-se à vontade para comentar em minha "casa". Porém, infelizmente você não acertou nada sobre mim. Coisa de quem tira conclusões precipitadas. Mas já sei que você é novinha e ainda vai aprender com o tempo.

Fê,
Estava com saudades, amiga! Muitos beijos pra você!

MM,
Vou voltar lá sim! Um beijo grande!

Babs disse...

Ai ai... Esses dramas domésticos às vezes tão clichês mas nem por isso menos reais...Deviam incorporar a idéia de vez e inventar uma esteira que é esteira+cabideiro, ou esteira+microondas ou esteira+etc. Aí resolve metade do problema...
Bjos

Anônimo disse...

Passando para ver se já tinha post novo.

Bom fim de semana

Anônimo disse...

Passei por aqui quase que por acaso...
Já aconteceu comigo tb. tenho uma ergométrica aqui em casa.

mas, hj prefiro mesmo é ir pra academia. inclui dentre outros exercicios a ginastica cerebral (que é ótimo para concentração e racioncinio rapido) e a ginastica facial.

Tb sou adepta a o mapa do tesouro.

um grande beijo e prazer visitar a sua "casa" visite-me tb.

bjos
www.diariodeumajuiza.blogspot.com

Anônimo disse...

www.chamedicinal.com.br

Unknown disse...

Oi Ana, eu estava procurando o site antigo da Casablanca e esbarrei no seu blog. Muito bacana! me emocionei com o texto sobre a D. Bibi. Vc narrou com profundidade e sentimento a relação que existia entre ela e a Casablanca. Eu tinha um enorme respeito e admiração pela D Bibi. Primeiro porque ela confiou à república a chave da sua casa, depois porque ela sabia o nome de todos os alunos e ex-alunos da Casablanca. Alguns ela tratava até com mais carinho, pois estavam sempre lá com ela. Proseávamos, líamos o jornal do dia (ela assinava e lia diariamente) e quando a Marli estava, éramos servidos de um café com biscoito de polvilho.

Um abraço, no Davi, Aumenas e pra você.
alexandre (hortenci@casablanca)