10 junho 2007

LUXO, CHIQUE, GLAMOUR e outras futilidades...



Tenho andado por aí lendo e ouvindo, em vários lugares, o que é Luxo, o que é chique, o que é in. Por estas andanças, concluí que se há uma coisa absolutamente relativa conceitualmente, é exatamente o Luxo.
É comum que o tempo e o uso alterem o sentido das palavras. A bem da verdade, hoje em dia, muitas palavras já estão tão desgastadas e deturpadas que perderam seu significado original. Incluo o Luxo neste pacote. Além do mais, o conceito de Luxo vai se alterando conforme um bem se populariza ou seu acesso se torna mais fácil. O açúcar era um item de luxo quando foi descoberto. Mais ou menos o equivalente a um quilo deste pó, em sua época áurea, valia 11 moedas de ouro, ou dois bois gordos. Por causa disto o que é LUXO hoje pode ser LIXO amanhã, e o que é LUXO para alguns já é considerado LIXO pra outros.

Tem muita gente aí fazendo tudo pra aparecer nas colunas sociais ou nas Caras e variantes que existem por aí. Na opinião de Guilhermina Guinle, que costumava, quando criança, correr de triciclo pela suíte presidencial do Copacabana Palace (que foi construído pelo seu avô) CHIQUE mesmo é não aparecer em nenhuma dessas colunas. Fico imaginando essas pessoas do high society horrorizadas em serem fotografadas ao lado de uma celebridade instantânea, que gafe!!!!

Muita gente acha o máximo desfilar com uma bolsa Louis Vuitton falsificada. Dá pra entender? Claro que sim. Estamos na era das aparências. Ninguém mais precisa SER. Basta ESTAR. Basta PARECER.
Chique pra mim é ser autêntica. Assumir o que gosta, sem, obviamente, agredir outras pessoas.

Há pessoas que bebem vinho porque hoje em dia entender de vinho é muito chique (???). Aí vêm outras pessoas cheias de “estilo” e dizem que é o cúmulo do brega conversar e discutir sobre vinhos. Eu bebo vinho há mais de dez anos. Gosto, particularmente, dos Espanhóis, da região de Rioja. Gosto de outras variedades que vão da Argentina à França. Procuro entender e conhecer porque a partir do conhecimento posso apreciar sensorialmente ainda mais a bebida. Não discuto muito o assunto porque esse assunto só é bom para enófilos. E, realmente, para quem não gosta tanto assim de vinho, deve ser um verdadeiro porre ficar ouvindo sobre o aroma empereumático ou discutindo sobre o tamanho das perlages de um espumante. Por isso sou uma bebedora solitária. Nem sempre tenho o LUXO de ter uma companhia que aprecie esta bebida. Torço mesmo para que o vinho continue “na moda”, pois assim aumento minhas chances de convidar e ser convidada pra beber vinho.

E a moda segue, cheia das suas regras, exclusões e mesmo seus fanatismos. Andar na moda, hoje em dia, não é mais para poucos, apesar de nunca haver tanta gente mal vestida pelas ruas.

Num programa da Leda Nagle ela dizia que LUXO para a classe média das grandes cidades é ter TEMPO e COMIDA FRESCA (entendendo-se por comida fresca aquela fruta que você colhe diretamente na árvore, a galinha que você escolhe no viveiro antes de ir pra panela, o doce de leite feito com o leite que acabou de ser tirado da vaca, e a salada que você faz colhendo os legumes na horta. Em suma, comida caseira, com tempero que não enjoa, sem aditivos, agrotóxicos, hormônios, gordura trans e todas estas porcarias que a gente come todos os dias.

Todas as modas, modismos, luxos e mimos são sintomas de doença para o Professor Hermógenes, o mais antigo professor brasileiro de Yoga. Esse velhinho simpático, muito carismático e cheio de energia, diz que o mundo está sofrendo uma grande enfermidade nesta busca incessante da "felicidade" através do materialismo e identificação a estereótipos. E ele deixa seu recado para que alcancemos a verdadeira felicidade: DES-ILUDAM-SE!













02 junho 2007

O Jardineiro Fiel

Flor de Maio


14 (Pablo Neruda - Veinte poemas de amor y una canción desesperada)


Juegas todos los días con la luz del universo.
Sutil visitadora, llegas en la flor y en el agua.
Eres más que esta blanca cabecita que aprieto
como un racimo entre mis manos cada día.

A nadie te pareces desde que yo te amo.
Déjame tenderte entre guirnaldas amarillas.
Quién escribe tu nombre con letras de humo entre
las estrellas del sur?

Ah déjame recordarte como eras entonces, cuando
Aún no existías.

De pronto el viento aúlla y golpea mi ventana
Cerrada.
El cielo es una red cuajada de peces sombríos
Aquí vienen a dar todos los vientos, todos.
Se desviste la lluvia.


Pasan Huyendo los pájaros.
El viento. El viento.
Yo solo puedo luchar contra la fuerza
de los hombres.
El temporal arremolina hojas oscuras
y suelta todas las barcas que anoche amarraron
al cielo.


Tú estás aquí. Ah tú no huyes.
Tú me responderás hasta el último grito.
Ovíllate a mi lado como si tuvieras miedo.
Sin embargo alguna vez corrió una sombra extraña
por tus ojos.

Ahora, ahora también, pequeña, me traes
Madreselvas,
y tienes hasta los senos perfumados.
Mientras el viento triste galopa matando mariposas
yo te amo, y mi alegría muerde tu boca de ciruela.

Cuánto te habrá dolido acostumbrarte a mí,
A mi alma sola y salvaje, a mi nombre que
todos ahuyentan
Hemos visto arder tantas veces el lucero besándonos
Los ojos
y sobre nuestras cabezas destorcerse los crepúsculos
en abanicos girantes.
Mis palabras llovieron sobre ti acariciándote.
Amé desde hace tiempo tu cuerpo de nácar soleado.
Hasta te creo dueña del universo.
Te traeré de las montañas flores alegres, copihues,
avellanas oscuras, y cestas silvestres de besos.

Quiero hacer contigo
Lo que la primavera hace con los cerezos.



Cantinho do tronco deitado
_____

Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

Eugénio de Andrade




Esta pérgula tem bougainville e uma outra trepadeira que ainda estão crescendo...

















Cantinho com pedras e orquídeas
Amar
Carlos Drummond de Andrade
Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal,
senão rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o cru,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave
de rapina.Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.











Há algum tempo comecei a fotografar algumas flores do jardim de casa pensando em fazer um post mostrando o trabalho dedicado e bonito que o Gustavo faz aqui. Mas como o jardim ainda está inacabado, pensava em esperar seu término para publicar as fotos. Aí vi o post da Geórgia, mostrando exatamente o passo a passo da construção de seu jardim, que aliás está ficando lindíssimo. E decidi postar minhas fotos, mesmo com o jardim em construção!
Este post (e os poemas) são de dicados ao Gu...