24 janeiro 2007

Modernidade escravizante

Duas amigas conversam durante o trabalho. Uma é Sara, 25 anos, muito religiosa e tradicional, casada desde os 16 anos com Antônio. A outra é Malu, 24 anos, que tem suas próprias crenças, é solteira e se diz liberal.
_ Sara, ontem eu saí com aquele carinha que eu estava suuper a fim...
_ Qual, o Beto?
_ Não, amiga, o Paulinho, aquele loiro lindo!
_ Garota, cruzes! Você não tava saindo com aquele moreno?
_ É, o Saulo. Mas não deu certo, sabe? Eu ainda estou procurando o príncipe encantado, minha alma gêmea, aquele que nasceu só pra mim! Ei, Sara, me conta como você achou o seu...
_ Foi facil, amiga. Os pais do Antônio moravam na mesma rua e a gente frequentava a mesma igreja desde criança. Um dia ele me pediu em namoro e 8 meses depois nos casamos.
(Malu rindo)
_ Mas como você tinha certeza que ele era o "homem da sua vida"? Você já tinha namorado muitos antes dele?
_ Não, na verdade nenhum.
_ Mas um "rala e rola" vocês tiveram, é lógico que você experimentou antes, como poderia ter certeza?
_ Que é isso, eu me casei Virgenzinha da Silva! E sempre soube que era com ele que eu queria passar toda minha vida. E não me decepcionei nadinha, adoro rolar com ele mesmo depois de quase 10 anos casada.
_ Como pode?!? Isso nunca aconteceu comigo. Será que é azar? Praga? Mau olhado? Já saí com mais de trinta caras e nunca senti esta certeza com nenhum deles.
(Agora Sara é quem ri)
_ Não sei, mas foi assim que aconteceu.
_ Olha, Sara, você tem que me ajudar! Diga, você nunca teve vontade de experimentar outro, só pra ver como é que é?
_ Vontade eu posso até ter, mas vale a pena não... meu casamento é bom e eu tenho muito prazer com ele!
(Malu quase chorando)
_ Ai, o que é que eu faço? Nem gozar eu tô conseguindo mais!
_ Olha amiga, eu sou uma mulher simples, de hábitos meio antigos, sabe? Eu sempre quis ter um marido que fosse bom, só isto. E você, afinal, o que espera de um companheiro?
_ Acho que nada demais. Apenas o que uma mulher moderna deseja... Sabe, o que eu leio nas revistas: um homem jovem, com um ótimo emprego, estabilizado, carinhoso, fiel, romântico, que goste de música eletrônica e que cozinhe pra mim.
_ Pobrezinha! Isto não é um homem, é uma máquina que ainda não inventaram! Já pensou no trabalho pra manter uma máquina destas? Agora entendo porque você não tá gozando... Tô achando que esta sua modernidade toda só tá te causando angústia...
_ Sara, sabe que você tem razão! Vou queimar todos os meus livros de auto-ajuda e revistas, e vou fundar uma nova seita, a da "Descomplicação"!

Um comentário:

Babs disse...

Parece eu discutindo com uma grande amiga minha...