11 fevereiro 2007

O Beijo


Um turbilhão de emoções tomava conta da garota naquele instante. Sentia seu coração acelerado e uma excitação cada vez maior fazia com que se sentisse mergulhada num sonho, num transe...
Tudo isto porque estava, finalmente, tornando realidade aquele velho desejo. O dia chegara, aliás, um fim de tarde, com o sol já baixo e o frio do inverno intensificando-se com o chegar da noite.
Desde seus quatorze anos sabia que este dia chegaria. Agora estava ali, frente a frente com O BEIJO, e ela pensava em quem o artista havia se inspirado para compô-la, quem foram os modelos e se na realidade viveram uma paixão tão intensa quanto aquela que emanava dos dois belos amantes. Na verdade, ela nunca quisera conhecer a verdadeira história sobre aquela escultura. Nos livros e biografias que lera sobre Rodin sempre pulou, propositalmente, as páginas que falavam sobre esta obra, a fim de preservar sua magia, seu mistério.
Foi também por este motivo que abdicou da idéia de levar para casa uma réplica de 25 cm de altura, vendida na store do museu, o que também fazia parte inicialmente dos seus planos. Mas refletiu melhor e concluiu, sabiamente, que aquela sensação seria um tesouro guardado, como tantos outros em sua mente, e que ela não iria transformá-lo num objeto banal, a ser posto numa estante ou num centro de mesa. Ela decidiu preservá-lo da banalidade do dia-a-dia.
Anos depois a garota voltou a Paris uma e mais vezes, mas em nenhuma delas foi ao Museu Rodin. Apesar disto, a imagem de Paolo e Francesca continuam tão nítidas quanto a emoção daquela tarde de janeiro.


"Este post é dedicado à Lili e à profissão que escolheu"

10 comentários:

Anônimo disse...

Oi Ana Paula!

Adorei a homenagem! :D
Tem certas obras de arte que devem ficar assim mesmo, intocadas, imaculadas. Concordo com você. Eu, por exemplo, sou fissurada em Yves Klein, um artista francês que roubou o céu pra ele. Estive em Paris no ano passado e não vi uma obra sequer dele, infelizmente. Mas tenho um livro sobre sua obra que fica ali, na minha estante principal, me lembrando que ele existe e daquela sensação inexplicavel que o azul dele me causa. E isso não tem preço nem substituição. (Vc fez bem em não ter comprado a réplica...)

Bjo.

Ana Paula Montandon disse...

Beijo Lili! Adoro a sensação de andar por um museu descobrindo suas maravilhas. É como ser criança e entrar numa loja de doces. Bjim

Anônimo disse...

Ana Paula
brigadim pela visita, viu??? e pelo link tbem!! não mereço tanto!!! e dê licença para eu visitar teu puxadinho também!!!!

Ana Paula Montandon disse...

Serbão, é um prazer, volte sempre que quiser!Bjim

Anônimo disse...

Oi Aninha,
Lindo texto!
E aí gostou da Chinfra?
beijão
Simone

Anônimo disse...

muito boa esta parte: Mas refletiu melhor e concluiu, sabiamente, que aquela sensação seria um tesouro guardado, como tantos outros em sua mente, e que ela não iria transformá-lo num objeto banal, a ser posto numa estante ou num centro de mesa. Ela decidiu preservá-lo da banalidade do dia-a-dia.

Ana Paula Montandon disse...

Oi Simone,
Bom que voltou! Gostei tanto da Chinfra que já me sentindo íntima!

Ana Paula Montandon disse...

Serbon, obrigada...
agora fiquei intrigada, se Serbão seria seu "Id" e Serbon seria seu "Ego"! Rsrsrsrs!

Anônimo disse...

Eu vi uma réplica da escultura, e fiquei tão impactada... é linda! Eu nunca tinha me preocupado em ler sobre a obra, talvez parte do impacto tenha sido por essa ignorância. Tem horas que ignorância é uma virtude...

Ana Paula Montandon disse...

Cy,
e tem certas obras com as quais a gente sente uma afinidade e fascinação imediatas. E não dá pra explicar... Bjim! Obrigada pela visita!