20 janeiro 2007

Porque eu gosto de editoriais...

Sábios Titãs, quando disseram que a tv nos deixa burros, burros demais!
8:00 h, Boa Noite, está começando mais um Jornal Nacional. Nele, as notícias serão despejadas em você como uma avalanche de imagens e dados, e num tempo bem acelerado, pra que no final seu cérebro não tenha muitas condições de analisar cada uma das notícias, nem perguntar o “porquê disso?”, nem de vincular causas e conseqüências, nem de estabelecer o que é verdade e o que é manipulação, e muito menos de ter condições de tirar lições para a vida. E com isto achamos que estamos bem informados, sabemos de todos os acontecimentos do mundo, mas quando precisamos dar uma opinião, “_Hã?!?...”
Qual é sua opinião sobre a eutanásia? E a liberação da maconha? Estas perguntas todo o mundo consegue responder. Mas se você vai mais a fundo, e pergunta: “_E porque você é contra? Ou "Porque é a favor"?” Aí o bicho pega... A maioria das pessoas não tem argumentos pra defender suas opiniões, que geralmente estão alicerçadas pelo que viram na tv. É o fast food da informação!
Lembro-me daquele referendo sobre desarmamento: eram tantas estatísticas a favor e contra, que era fácil para um indeciso chegar ao final do programa do “Sim” e dizer, puxa, é claro que é sim, e este mesmo indivíduo após ver o programa do “Não” concluir que o voto correto é do não.
Se NÂO pararmos pra pensar sobre, debater, contra argumentar e exercitar o raciocínio, só enxergaremos os números, os dados, os gráficos e -me desculpem os estatísticos- mas dados jogados ao léu sem um contexto bem caracterizado pode transformar mentiras em verdades e vice-versa.
Por isto, na minha segura opinião, nada substitui bom e velho jornal e seus editoriais. Lá há espaço para discussões, opiniões e seres pensantes. Mas também não adianta se você for adepto de fazer leitura dinâmica do periódico enquanto come um sanduíche nos 20 minutos que tira pra almoçar.
Há que se ler com calma, assim como há que se comer saboreando, sentindo a temperatura, a textura e o tempero. Para se beber um bom vinho não é DEVER ter conhecimento, mas é LÍCITO ter sensibilidade para sentir a cor, o aroma, e as tantas sensações gustativas que esta bebida nos desperta, ou do contrário estaremos maculando a arte de quem o produziu. Assim como fazer amor deve ter também seus slow motions, seus momentos de parar só pra sentir o cheiro, o calor do corpo e de se deliciar ao pensar que você está com AQUELA! pessoa.
O que você quer ser na vida? Que impressões quer deixar? Na Era dos Descartáveis, não dá pra viver sem eles, mas eu prefiro analisar meia dúzia de acontecimentos que ter um congestionamento de imagens inúteis na cabeça.

Um comentário:

Anônimo disse...

bastante sensato o artigo sobre o ritmo de vida no qual vivemos. Vale a pena dar um tempo ao nosso precioso tempo e avaliarmos se o filtro da auto-crítica está funcionando o suficiente para elaborarmos nossas próprias idéias, análises e sabermos posicionarmos diante das diversas situações que enfrentamos no dia a dia. Valeu!!