O que de mais importante eu aprendi
Na maior parte do tempo me sinto uma pessoa que ainda tem tanto a aprender, que apenas engatinho, como um bebê, na busca pelo saber. Deixo claro que não me refiro a este saber teórico, técnico ou puramente mental. Falo do conhecimento da vida, da sabedoria natural, atemporal, que independe dos anos em que alguém passou sentado num banco de escola.
Desde que a humanidade incorporou a forma Aristotélica de segregar as diferentes áreas de aprendizagem, tornando-as imiscíveis ao longo do tempo, começamos a criar homens com profundo conhecimento e grandes habilidades técnicas, mas completamente vazios de ética, incapazes de relacionar todo seu conhecimento com nosso mundo e de usar este conhecimento para melhorá-lo.
Hoje é uma heresia dizer que ciência e religião poderiam e até deveriam andar juntas, assim como era na Grécia Áurea de Platão. Sei que esta frase vai chocar muita gente, e que eu corro um sério risco de ser taxada de louca, querendo misturar água e óleo. Bem, corro este risco e digo que sobre isto não darei maiores explicações. Quem sabe em outro post?
Pensando sobre o que de mais importante eu aprendi, me vêm à mente duas coisas: a primeira, é a de querer buscar e viver esta sabedoria, e conhecê-la um pouco mais a cada dia. A segunda, que advém da primeira, é dar mais valor à minha intuição, e quebrar o preconceito que esta palavra carrega hoje em dia, muito pela dificuldade que há em explicá-la “cientificamente”.
Este post foi escrito a pedido da Mélica. Não é uma blogagem coletiva e nem uma meme. Ela escolheu algumas pessoas pra refletirem sobre o assunto e o transfomar em post. Quem quiser também fazer esta experiência, deixe um recado aqui pra gente poder conferir o resultado.
27 agosto 2007
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21 agosto 2007
O esoterismo dos Contos de Fadas
Esta semana assisti “O LABIRINTO DO FAUNO”. Foi para mim uma história tão linda que suplantou o cenário triste e violento da Guerra Civil Espanhola e do drama vivido pela pequena Ofélia, a protagonista.
O filme tem todos os ingredientes necessários a um bom Conto de Fadas. Um conto de fadas dirigido ao público adulto, mas que faz-nos nostalgicamente retroceder no tempo e vivenciar esse universo mágico e rico que é o imaginário infantil.
Os contos de Fadas tradicionais foram transmitidos oralmente por várias diferentes culturas, e foram compilados e publicados pela primeira vez pelos irmãos Grimm em 1786. Dizem que eles saíam pelo interior da Alemanha e outros países da Europa, perguntando sobre pessoas que sabiam e contavam histórias para crianças. Diz-se que uma certa vez, descobriram uma senhora, já bem velhinha, que sabia muitos contos infantis antigos, e aceitou contar-lhes todos, contanto que os mesmos a visitassem todas as tardes para um chá. E assim foi feito. A cada tarde a senhora contava aos Irmãos Grimm, que anotavam palavra por palavra, muitas das histórias que hoje lemos aos nossos filhos.
Hoje se sabe que todos estes contos tradicionais baseiam-se em mitos mais antigos ainda, e possuem uma interpretação profunda, que representa o próprio caminhar da humanidade, a própria existência humana.
Os vilões, bruxas e criaturas do mal, por exemplo, representam as dificuldades e percalços que temos que enfrentar ao longo de nossa vida.
As fadas-madrinhas, gênios e outros personagens que sempre ajudam os heróis são os próprios poderes latentes do homem e a própria natureza, que põem-se em marcha, despertados pela vontade e coragem destes heróis diante dos problemas.
O “e foram felizes para sempre” não é uma visão míope e boba do amor romântico, mas a descrição do momento em que o homem vence seus próprios defeitos e apossa-se do que tem de mais puro e belo: sua alma.
Pensando bem os Contos de Fadas não deveriam ser lidos só pelas crianças, mas, principalmente por nós, adultos. Seria uma forma de nos lembrar que, SIM, vale a pena ser honesto, fazer o bem, ajudar, embora tudo a nossa volta dê a impressão de que seja exatamente o oposto.
04 agosto 2007
Manhã de praia
Na terceira manhã de praia, fazia um tempo meio indefinido no litoral pernambucano. Um sol que não se decidia entre brilhar ou esconder-se irremediavelmente por trás de uma série de nuvens cinza chumbo que se aglomeravam a partir de um ponto distante no mar. Eu e Davi, animadíssimos como só uma legítima mineira e seu bem criado rebento goiano diante de tudo o que aquilo representava: brincadeiras, risadas, mergulhos, caça às conchas, castelos, pular ondas... Deste modo não seria um insignificante dia nublado de junho que iria estragar nosso programa.
E tudo parecia caminhar conforme nossa alegre previsão, não fosse por um detalhe. É que o “inverno” de 26°C do nordeste, além das chuvas, trás também muitas águas-vivas que invadem a areia com o vai e vem das ondas. E não sei o porquê, mas nessas ocasiões, os alvos são invariavelmente as crianças.
Dito e feito, na primeira corrida na beira d’água as bichinhas pegaram o Davi em cheio.
Um grito de dor e o choro doído fizeram-me disparar atrás de algum socorro. Deixei-o em um banquinho na beira da praia, o peito do seu pé esquerdo vermelho e inchado. Eu não fazia idéia de qual medicamento aliviaria aquela queimadura, mas com certeza o pessoal do hotel saberia me ajudar. Logo em frente me deparei com um dos funcionários do hotel. O infame, além de não saber de remédio algum, disse que iria procurar ajuda e desapareceu. Eu corri para a recepção do hotel. A recepcionista mandou-me pra gerente. A gerente desculpou-se, dizendo que com freqüência aconteciam casos semelhantes, mas não havia nenhum tipo de remédio na caixa de medicamentos do hotel e também não sabia dar nenhuma orientação.
Voltando à praia, algumas crianças da região se aproximavam do Davi, e uma delas me disse: “_Dona, joga vinagre que a dor passa!”
Peguei Davi no colo, ainda aos prantos, e fui direto para a área onde estavam servindo o café.
“_Dona Antônia, por favor, pegue um pouco de vinagre na cozinha, para eu tratar uma queimadura de água-viva”-pedi à senhora que fica preparando as tapiocas para os hóspedes.
Quando joguei o vinagre na queimadura, imagino que foi como tirar a dor com as mãos. Um minuto e o Davi já corria pra piscina.Mesmo aparentemente bem, resolvemos levá-lo a um posto médico, na vila de Porto de Galinhas, que ficava a uns 5 km do hotel.
O médico explicou que, nestes casos, o único procedimento é lavar com ácido acético (que é o nome químico do vinagre). O veneno da água-viva, que é alcalino, neutraliza-se na presença do ácido. Voltei pro hotel bendizendo a sabedoria popular daqueles moleques. Não é à toa que em minhas viagens de férias um dos meus maiores prazeres é conversar com as pessoas da região, aprender um pouquinho sobre a cultura e como levam a vida. Essa parte da viagem é para mim das mais interessantes, apesar de não estar escrita em nenhum guia de viagem.
De volta ao hotel, fui até a praia agradecer àquele menino, mas, assim como as nuvens de chuva, ele desaparecera e só havia ali aquela imensa praia deslumbrante e deserta.
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Eu, lagarteando na beira da praia, percebi várias pessoas comendo uma espécie de lagosta. Mania que eu tenho é essa de querer experimentar tudo o que eu não conheço. Fizemos sinal pro vendedor.
“ _E aí, vai uma porção de lagostinhas?Aproveita que o preço tá bom....
“ _Quanto é, moço?
“ _ Olha, são 10 lagostinhas por R$40,00. No restaurante do hotel você paga 60, mas só vem 4. Eu faço R$40,00 pra vocês, mas pros argentinos ali, ó, eu vendo por R$50,00. Gringo paga mais caro...